Cinco tendências de transporte na América Latina: resultados de nossos Fóruns da Comunidade ZEV

Reunimos governos e empresas da América Latina através de uma série de três fóruns para discutir sobre o transporte com emissão zero na região.

Foi isto que aprendemos:

1. A mobilidade com zero emissões é uma tendência

Cada vez mais países da América Latina estão estabelecendo metas de eletromobilidade como parte de suas estratégias gerais de mudança climática. Isto inclui ambiciosos projetos de implantação de infraestrutura de carregamento, eletrificação de frotas públicas e campanha para educar a população sobre o valor, a oportunidade e a necessidade de meios de transporte com emissão zero.

Os governos estão testemunhando os benefícios da eletrificação da frota pública em larga escala, especialmente ao considerar o impacto positivo na qualidade do ar e na experiência do usuário. O aproveitamento desses "benefícios para as pessoas" é crucial para acelerar a transição elétrica.

No entanto, existem alguns desafios em toda a região. Os principais são:

• Os veículos elétricos ou EVs são caros. Há uma falta de incentivos financeiros e políticos para aumentar a demanda pública por veículos pessoais.
• O transporte público é um investimento público que tem um custo elevado para o governo.
• A região carece de infraestrutura de carregamento e nos lugares onde existe, não há uniformização ou consistência.

2. Os corredores de eletromobilidade podem agilizar a ação do EV

Algumas regiões criaram corredores de eletromobilidade para concentrar a infraestrutura de carregamento, financiamento e melhorias de rotas específicas.

Por exemplo, em julho de 2022, o estado mexicano de Yucatán aprovou um financiamento de até USD 86 milhões para um corredor de ônibus elétrico de 100 km na capital Mérida (BNamericas, 2022).

Os participantes do fórum discutiram que, para que os corredores de eletromobilidade funcionem, os governos devem:

• Iniciar a eletrificação das frotas governamentais.
• Instalar uma combinação de carregadores rápidos e lentos.
• Investir em infraestrutura de transporte público para carregamento durante a noite.
• Colaborar com o setor privado em questões regulatórias e para compreender as necessidades de carregamento.
• Colaborar com o setor privado para encontrar novos modelos de financiamento e negócios, por exemplo, para instalar a infraestrutura de carregamento.

3. As frotas públicas são um ponto de partida comum para os governos

Dados os altos níveis de controle e visibilidade, a maioria dos projetos-piloto e testes de EV começam com a eletrificação das frotas públicas.

E os modelos de negócios inovadores na região da América Latina contribuíram para o sucesso desses projetos.

Um relatório da C40 Cities e IFC explica como municípios do Chile e da Colômbia criaram um modelo que "separa" a propriedade da operação de ônibus elétricos. Em outras palavras, "os proprietários do bem possuem e os operadores operam" (C40 Cities e IFC, 2020).

E, de acordo com os autores do relatório, "...o modelo de separação representa uma alocação mais sensata de risco e recompensa entre os setores público e privado, com base no que cada um faz de melhor..." (C40 Cities e IFC, 2020).

4. Não é só conversa, há ação com relação aos VEs

O governo chileno é um exemplo brilhante disso. Em 2021, lançou sua Estratégia Nacional de Eletromobilidade, que estabeleceu que 100% dos veículos ligeiros e médios, transporte público e maquinários de grande porte que sejam vendidos serão de zero emissões até 2035 (Governo do Chile, 2021).

Ao se concentrar na transição de sua frota pública em nível nacional, o país está mostrando liderança ao elaborar modelos claros de legislação e implementação. O Chile é um dos países com a maior frota de ônibus urbanos do mundo. (UNEP, 2019). O governo tem vários programas focados em acelerar a conversão das frotas de ônibus e táxis e está implementando padrões de eficiência energética e trabalhando para melhorar a interoperabilidade da infraestrutura de carregamento.

Entretanto, a disponibilidade de veículos elétricos apresenta alguns desafios. O Chile depende exclusivamente das importações de EV e, portanto, é vulnerável a crises e quedas do mercado. 

Já vimos isso durante os debates sobre a data de 2035 para a eliminação gradual dos carros emissores de CO2 na UE. Isto provavelmente teria limitado o progresso do Chile ao reduzir o número de veículos disponíveis e aumentar os preços.

5. A educação é a chave para uma transição bem-sucedida para os EVs

As empresas de nossa iniciativa EV100 se reuniram com os governos em nosso último fórum. Juntos, acordaram em uma clara prioridade: aumentar a conscientização pública sobre a necessidade ambiental dos veículos elétricos.

As gerações mais jovens são o alvo principal dessas campanhas, pois têm uma mente mais aberta às novas tecnologias ambientalmente amigáveis.

A intenção ao conectar os governos com as empresas era inspirar ambição, alinhar ações e pressionar os formuladores de políticas a fornecer uma orientação política e legislativa clara.

Próximos passos

No Climate Group, estamos alavancando nossas redes nos setores público e privado para acelerar a ação climática rumo à emissão líquida zero até 2050. Esta atividade de colaboração entre a Comunidade ZEV e EV100 é um exemplo das muitas mais oportunidades que queremos criar para o engajamento e colaboração dentro de todo o nosso sistema de transporte.

Esperamos continuar com estes Fóruns da Comunidade ZEV, trazendo mais governos e mais empresas para a sala virtual, tendo conversas sobre as questões mais urgentes e maximizando nosso impacto e levar  a transição para veículos com emissão zero mais longe e mais rápido.

Entre em contato conosco se você quiser apoiar o trabalho da Comunidade ZEV no futuro.